sexta-feira, fevereiro 28, 2014

MONUMENTOS SOBRE A AREIA

Todo aquele, pois, que ouve estas Minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Mateus 7:24

Não muito longe de Lincoln, no estado do Kansas, um estranho grupo de estátuas se ergue em um velho cemitério. Um fazendeiro local chamado John Davis erigiu-as. Quando a esposa faleceu, ele encomendou os serviços de um profissional para esculpir uma estátua dele e da esposa assentados em um banco. Não satisfeito, ele encomendou uma segunda estátua. Esta era dele mesmo ajoelhado junto à sepultura de sua esposa. Insatisfeito ainda, ele encomendou uma terceira. Desta vez, de sua esposa ajoelhada junto à sua futura sepultura. John Davis gastou quase 250 mil dólares em suas estátuas. Quando era solicitado a ajudar alguma causa comum na pequena cidade, um hospital, uma escola ou um parque para crianças, ele se tornava hostil, alegando que a cidade nunca fizera nada por ele.

John Davis morreu aos 92 anos, pobre, dependendo da caridade pública. Em seu funeral, poucas pessoas compareceram. Apenas um indivíduo parecia realmente triste – Horace England, o escultor. Hoje, as estátuas erigidas por Davis estão curiosamente afundando no solo petrolífero do Kansas, vítimas do tempo, do vandalismo e do desinteresse. Tais estátuas são a triste lembrança de uma vida gasta em preocupações egoístas e fúteis.

E você, o que está construindo? Onde está colocando o fundamento de suas construções? Jesus encerra o Sermão da Montanha contando a parábola das duas casas, uma sobre a rocha e outra sobre a areia (Mt 7:24-27). A parábola ilustra a obediência ou a desobediência à Sua Palavra. Nossa opção não é entre construir ou não construir. Todos estamos "construindo". Não há como fugir disso. O verdadeiro alicerce na parábola é a obediência. Obediência é a prova final de nossa fé. Como é fácil aprender um vocabulário religioso, textos bíblicos e hinos ficando limitados à aparência da construção sobre a areia.

Os dois homens da história tinham elementos em comum. Eles queriam construir uma casa, e ambos a fizeram de forma a parecer bela e forte. Porém, quando veio o julgamento – a tempestade – uma delas caiu. Qual a diferença? O alicerce. Precisamente aquilo que não podemos ver. Nos dias de sol, as duas casas podem parecer iguais. Mas os ventos, as chuvas e os rios revelarão onde construímos.


DANIEL, SERVO DO ALTÍSSIMO

Disseram, pois, estes homens: Nunca acharemos ocasião alguma para acusar a este Daniel, se não a procurarmos contra ele na lei do seu Deus. Daniel 6:5

Daniel é um daqueles personagens da Bíblia que nos impressionam por sua fidelidade a Deus. Na abertura do livro, somos informados de que "resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei" (Dn 1:8). Embora alguns gostem de enfatizar a segunda parte do texto, discutindo a preocupação com a dieta alimentar, o que me impressiona é a primeira seção, focalizando sua decisão que antecede as prováveis dificuldades na corte de Babilônia. Daniel não é do tipo de deixar decisões importantes para o momento da tentação. Quando ela chega, ele já sabe o que fazer. Outro aspecto do caráter de Daniel é evidente no texto de hoje. Mesmo sob a observação de inimigos, nada pode ser encontrado contra ele.

O capítulo 3 do livro de Daniel é paralelo com o capítulo 6. Primeiro, três figuras solitárias, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, os amigos de Daniel, erguem-se na planície de Dura, enfrentando a ameaça da fornalha ardente. Uma pergunta comum é: Onde estava Daniel então? Não sabemos, e isso realmente não importa. Quando sua hora de teste chega, ele se comporta à altura de seus amigos. Daniel sabia da ameaça dos inimigos. Em 30 dias, ninguém poderia fazer nenhuma petição a qualquer deus, apenas ao rei (ver Dn 6:7). Não se trata de um pecado que ele não quer cometer, mas de um dever que ele não pode deixar de cumprir. Seus amigos se recusaram a prestar homenagem idolátrica. Daniel, por sua vez, recusa-se até mesmo a omitir ou ocultar sua adoração ao Deus verdadeiro.

Os inimigos contavam com a integridade de Daniel. E não foram decepcionados. O que faria você no lugar dele? Alguns, provavelmente, encontrariam razão para racionalizar a conduta, pensando: "Fecharei a janela; afinal, Jesus não disse que é assim que devemos orar?"
Outros poderiam se desculpar da seguinte maneira: "Poço orar mentalmente. Por que me expor ao perigo?" Mas a questão é outra: Por quanto tempo Daniel orava daquela forma? Provavelmente por mais de 60 anos. Sua atitude não era nova, muito menos uma encenação para impressionar. Mudar naquele momento seria equivalente a adotar a essência do decreto: submissão ao capricho humano. Este exemplo da história bíblica brilha como modelo de uma lealdade que não negocia nem transige. Representa um poderoso desafio à nossa fé, por vezes tão vacilante e incerta.


O CHAMADO DO INSIGNIFICANTE

Então, disse Moisés ao Senhor: Ah! Senhor! Eu nunca fui eloquente, nem outrora, nem depois que falaste a Teu servo, pois sou pesado de boca e pesado de língua. Êxodo 4:10

Essa seção do segundo livro das Escrituras (Êx 4:8-16) aparece como um intervalo entre as vibrantes cenas no drama do êxodo. Aqui nós encontramos em Moisés aquele tipo de fraqueza que muitos escritores e biógrafos oficiais tentam esconder acerca de seus heróis. Esse é um relato estranho e embaraçoso na história de Moisés. De minha infância, eu trazia outra concepção dele. Em minha mente, tinha um daqueles quadros que ilustram as histórias da Bíblia, em que Moisés aparece quase como uma personificação do próprio Deus. Uma figura expressiva de terrível autoridade. Em pose dramática, dignamente barbado, imperturbável, com os olhos fitos no horizonte, segurando as tábuas da lei, como se a própria autoridade dos mandamentos dependesse de sua autoridade. Um verdadeiro super-homem do Sinai!

Assim ele foi imortalizado no mármore por Michelangelo. O próprio Sigmund Freud foi impressionado com essa visão de Moisés. Em seu livro Moisés e o Monoteísmo, o líder hebreu se ergue como um símbolo dos temores da infância. Pelos teólogos da libertação, Moisés foi descrito como um grande libertador, símbolo de força revolucionária.

Mas a leitura desses textos do êxodo destrói qualquer fantasia acerca de Moisés. Aqui, ele aparece cheio de lamúrias e queixas. Com infindáveis desculpas. Cheio de autopiedade. Questionando, incrédulo quanto à libertação de seu povo, apresenta uma série de escusas. Ele não era nada mais que um velho pastor do deserto. Então com 80 anos, sem qualquer posse ou influência, considera que esse sonho de libertação parece uma utopia, se não for uma insanidade. Enquanto o Senhor aparece cheio de esperança, Moisés é o realista da história – apenas quer ser deixado em paz.

O chamado de Moisés é, sem dúvida, o chamado do insignificante. O chamado do insuficiente. Confesso que, algumas vezes, lendo o relato bíblico, eu me identifiquei com Moisés. Ele conhecia a incredulidade de seu povo. Ele conhecia suas limitações. Contudo, Moisés estava passando por alto o elemento central de seu chamado. Ele esteve, pelo menos inicialmente, desconsiderando Aquele que pode arranjar circunstâncias e mudar situações. Afinal, o problema de Moisés não era nenhum problema para o Todo-Poderoso, e um dos nossos problemas é não entender isso.


quinta-feira, fevereiro 27, 2014

O PODER DOS QUE NÃO TÊM PODER

Vai, pois, agora, e Eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar. Êxodo 4:12

Moisés tentara suas melhores desculpas para "cair fora". Primeiro, ele tentou o que chamo de "escusa sociológica", baseada no conhecimento que se tem dos outros. "Mas eis que não crerão" (Êx 4:1). Afinal, por mais de 400 anos, ao que sabemos, Yahweh não falara diretamente com ninguém. Além disso, na última vez que tentara ajudar seu povo, seus irmãos o ameaçaram. Por 40 anos, ele andara desaparecido. A "Polícia Federal do Egito" o tinha na lista dos "mais procurados". Moisés tinha suas razões. A incredulidade, contudo, não era só do povo, mas dele próprio.

"Que é isso que tens na mão?", Deus pergunta para que Moisés pense. O seu cajado de pastor, símbolo de suas insignificantes realizações em quatro décadas. O produto de sua fracassada ocupação no deserto de Midiã. Não havia nada de especial naquela vara que agora passa a ser interpretada como o símbolo da competência para a tarefa que o Senhor vai lhe atribuir. Aqui nós temos uma repreensão a todos os que pensam que Deus trabalha apenas com pessoas de talentos extraordinários. O cajado é de Moisés, mas o poder é de Deus. Outros sinais seriam acrescentados.

A segunda desculpa, que chamo de "escusa psicológica", é baseada no conhecimento que temos de nós mesmos. Moisés alega ser "pesado de língua" (v. 10). Os 40 anos sem ter com quem falar significativamente haviam feito dele um desabilitado vocal. "Arranje outro", ele disse nas entrelinhas. Moisés, contudo, precisava aprender que, com o Senhor, desabilidade ou limitação não é sinônimo de desqualificação. O Altíssimo é o poder dos que não têm poder.

Curioso é que, em lugar de fazer outro milagre para curá-lo de suas dificuldades, o Senhor envia para a batalha o velho Moisés com sua língua pesada. Yahweh não quer intervir em favor de Seu povo com um poderoso e eloquente orador. Ele apenas supre Moisés com outra limitação: um velho sacerdote de 83 anos, Arão, seu irmão. É com essa dupla da "melhor idade", no mínimo curiosa, que o Senhor vai cumprir Seu propósito colossal. Onde começa o poder de Moisés? Quando ele abandona as desculpas. Quando entende que o poder não é seu. O êxodo não depende dele. A palavra é de Deus. Os recursos são de Deus. A libertação é do Senhor. Ela não vem do homem, não importa quem seja o homem. O poder não depende da habilidade, mas da disponibilidade.


quarta-feira, fevereiro 26, 2014

O PODER DOS QUE NÃO TÊM PODER

Vai, pois, agora, e Eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar. Êxodo 4:12

Moisés tentara suas melhores desculpas para "cair fora". Primeiro, ele tentou o que chamo de "escusa sociológica", baseada no conhecimento que se tem dos outros. "Mas eis que não crerão" (Êx 4:1). Afinal, por mais de 400 anos, ao que sabemos, Yahweh não falara diretamente com ninguém. Além disso, na última vez que tentara ajudar seu povo, seus irmãos o ameaçaram. Por 40 anos, ele andara desaparecido. A "Polícia Federal do Egito" o tinha na lista dos "mais procurados". Moisés tinha suas razões. A incredulidade, contudo, não era só do povo, mas dele próprio.

"Que é isso que tens na mão?", Deus pergunta para que Moisés pense. O seu cajado de pastor, símbolo de suas insignificantes realizações em quatro décadas. O produto de sua fracassada ocupação no deserto de Midiã. Não havia nada de especial naquela vara que agora passa a ser interpretada como o símbolo da competência para a tarefa que o Senhor vai lhe atribuir. Aqui nós temos uma repreensão a todos os que pensam que Deus trabalha apenas com pessoas de talentos extraordinários. O cajado é de Moisés, mas o poder é de Deus. Outros sinais seriam acrescentados.

A segunda desculpa, que chamo de "escusa psicológica", é baseada no conhecimento que temos de nós mesmos. Moisés alega ser "pesado de língua" (v. 10). Os 40 anos sem ter com quem falar significativamente haviam feito dele um desabilitado vocal. "Arranje outro", ele disse nas entrelinhas. Moisés, contudo, precisava aprender que, com o Senhor, desabilidade ou limitação não é sinônimo de desqualificação. O Altíssimo é o poder dos que não têm poder.

Curioso é que, em lugar de fazer outro milagre para curá-lo de suas dificuldades, o Senhor envia para a batalha o velho Moisés com sua língua pesada. Yahweh não quer intervir em favor de Seu povo com um poderoso e eloquente orador. Ele apenas supre Moisés com outra limitação: um velho sacerdote de 83 anos, Arão, seu irmão. É com essa dupla da "melhor idade", no mínimo curiosa, que o Senhor vai cumprir Seu propósito colossal. Onde começa o poder de Moisés? Quando ele abandona as desculpas. Quando entende que o poder não é seu. O êxodo não depende dele. A palavra é de Deus. Os recursos são de Deus. A libertação é do Senhor. Ela não vem do homem, não importa quem seja o homem. O poder não depende da habilidade, mas da disponibilidade.


terça-feira, fevereiro 25, 2014

OS MÉTODOS DE DEUS

Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais. Jeremias 29:11

"Deus ouviu minhas orações." Quando as pessoas me dizem isso, imagino que elas estão querendo dizer que Deus lhes deu o que pediram. Contudo, será que Deus só ouve nossas orações quando Ele nos concede o que queremos? Com frequência, esquecemos que ao Ele dizer "não" ou "espere" temos respostas divinas tão misericordiosas como Seu "sim".

Respondemos aos filhos dando-lhes não apenas o que querem, mas o que julgamos ser o melhor para eles. De maneira infinitamente superior, porque as respostas de Deus são sempre corretas, justas, sábias e melhores, Ele com frequência responde às nossas orações concedendo o que a longo prazo se provará o melhor para nós.

Uma das dificuldades com as orações é que elas, na maioria das vezes, são apenas sugestões. Trazemos as respostas prontas, esquecendo-nos de que Deus trabalha com Seus métodos. Naamã, o leproso, queria ser curado. Imaginou que seu pedido deveria ser respondido em termos de um grande show, um espetáculo aos sentidos. Ficou irado quando o profeta simplesmente mandou que ele mergulhasse sete vezes no Jordão. Paulo, por três vezes, pediu que Deus retirasse dele seu "espinho na carne", entendido por muitos como sendo uma visão precária. Não seria do interesse do próprio Senhor ter um homem como Paulo atuando nas melhores condições? Deus lhe respondeu de maneira inesperada, apenas indicando que Seu "poder se aperfeiçoa na fraqueza".

Considere esta extraordinária oração de Blaise Pascal: "Não te peço, Senhor, por saúde ou enfermidade, vida ou morte, mas apenas que Tu disponhas de minha saúde ou enfermidade, de minha vida ou de minha morte para a Tua glória [...]. Somente Tu sabes o que é melhor para mim [...]. Concede-me ou tira de mim, mas apenas faze a minha vontade aceitar a Tua vontade. Eu sei apenas, Senhor, que devo seguir-Te e não Te ofender. Fora isso, eu não sei o que é bom ou ruim em qualquer outra coisa. Eu não sei o que é melhor para mim, saúde ou enfermidade, riqueza ou pobreza, ou qualquer outra coisa no mundo. Tal discernimento está além do poder dos homens ou dos anjos, e está escondido entre os segredos de Tua providência, a qual eu adoro, mas não procuro compreender."


segunda-feira, fevereiro 24, 2014

QUEM É O LÍDER DO LAR?

Maridos, amai vossa esposa e não a trateis com amargura. Colossenses 3:19

O sociólogo Willard Waller formulou o "princípio do menor interesse". Em termos simples, o princípio de Waller se resume nisto: em qualquer relacionamento, aquele que ama mais exerce menor poder, e aquele que exerce maior poder manifesta menor amor. Imagine um casamento no qual o esposo não ama profundamente a esposa, enquanto ela o ama verdadeiramente. Agora faça a pergunta: Nesse tipo de arranjo, quem dita os termos do relacionamento? Quem é o "chefe"? Quem tem o poder? A resposta é óbvia. Ela fará qualquer coisa por ele, mas, uma vez que ele não está muito envolvido, não se importará muito com ela. Ele está na posição de poder. O oposto também é verdade. Quando a esposa está menos envolvida emocionalmente, e o marido realmente a ama, ela terá o poder.

Na igreja, em seminários sobre casamento, frequentemente surge a questão: Quem é o cabeça do lar? Em geral, quem faz essa pergunta está realmente querendo saber: Quem é que manda? Quem é o chefe? Deixe-me saber: Você já fez essa pergunta alguma vez? Se você é realmente um cristão, essa é a pergunta errada. O ponto não é saber "quem é o mestre". A pergunta fundamental é: Quem é o que serve? Se você é realmente um cristão, a questão não é definir quem é o primeiro, mas quem é o último. Quando você faz as primeiras perguntas, está reproduzindo a mesma pergunta tola que Tiago e João fizeram a Cristo: "Mestre, quem se assentará à Tua mão direita, e quem se assentará à esquerda?" Quem terá o poder? O homem que realmente ama a esposa não desejará dominá-la com seu poder.

Jesus amou-nos a tal ponto que esteve disposto a abrir mão de Seu poder e tornar-Se um servo (Fp 2:5-8). Se o homem ama a esposa, ele estará disposto a desistir de seu poder e tornar-se seu servo. Da mesma forma, a esposa é instruída a ser submissa a seu marido. Mas que esposa teria dificuldade em se tornar submissa a um homem que realmente está disposto a ser seu servo? O casamento ideal é aquele no qual o marido diz à esposa: "Querida, meus sonhos, minhas esperanças e minhas aspirações não significam muito para mim. Eu estou feliz em me sacrificar para vê-la feliz." Em retorno, a esposa diria: "De jeito nenhum, querido! Meus sonhos e minhas aspirações não significam nada para mim, contanto que eu o faça feliz!" Sobre isso, eles até podem ter um desentendimento!


domingo, fevereiro 23, 2014

JESUS, O CENTRO

Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus. João 3:36

Jacob Neusner, um rabino moderno, especialista no judaísmo do período primitivo da era cristã, dedica um de seus livros, Um Rabino Conversa Com Jesus, à questão sobre como ele teria respondido a Jesus. Neusner se apresenta demonstrando grande admiração por Jesus Cristo. Admite que os ensinos de Cristo, como o Sermão da Montanha, o deixam impressionado. Ele admite ainda que Jesus teria suscitado seu interesse a ponto de, provavelmente, levá-lo a se unir às multidões que O acompanhavam. Contudo, Neusner conclui que ele teria rompido com o Galileu. Segundo sua concepção, Jesus toma um importante passo "na direção errada" quando muda o foco da Torá para Si mesmo como a autoridade central. Para o rabino Neusner, Jesus faz uma demanda que só Deus pode fazer.
"Respeitosamente, isso é demais para mim", ele diz.

Jesus diverge de todos os outros mestres que conhecemos. Por que as pessoas não se ofendem com Buda, Confúcio ou Maomé? Eles não afirmaram ser Deus, como Jesus o fez. Jesus não esteve "procurando" a verdade ou a "recomendando". Ele apontou para Si mesmo como a verdade. Constantemente falou de Si mesmo e essa autocentralização na mensagem de Cristo é reveladora. Jesus sabia que a cruz exerceria um grande magnetismo sobre as pessoas: "Quando for levantado da terra, atrairei todos a Mim" (Jo 12:32). Ao atrair homens e mulheres, contudo, eles não seriam primariamente atraídos a Deus, o Pai, ou à igreja, à verdade ou à justiça, mas ao próprio Cristo. De fato, é apenas por Seu intermédio que podemos, verdadeiramente, nos aproximar de Deus, da igreja, da verdade e da justiça.
O centro da vida cristã não é nenhum outro senão Jesus Cristo. Todas as coisas, incluindo aquelas relacionadas com Ele, são eclipsadas por Sua pessoa. O astro luminoso no centro de nosso sistema planetário é uma metáfora dessa verdade espiritual. Sem o Sol a vida não poderia existir.

Devemos observar ainda a convergência entre aquilo que Cristo oferece e aquilo que Ele é. Ele não apenas oferece o pão, Ele é pão. Isso também se aplica à agua, à verdade, ao caminho, à luz, à ressurreição e à vida. Devemos notar que não podemos ter os dons sem o Doador.


sábado, fevereiro 22, 2014

ZELO SEM ENTENDIMENTO

Porque lhes dou testemunho que têm zelo por Deus, porém não com entendimento. Romanos 10:2

"Zelo por Deus sem entendimento" é igual a fanatismo. E a igreja, ao longo de sua história, tem sido palco desse triste espetáculo. O próprio Paulo fora vítima da enfermidade. Ele confessa: "Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas devia eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno; e assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto, quando os matavam. Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades estranhas os perseguia" (At 26:9-11). Ele também diz: "Na minha nação, quanto ao judaísmo, avantajava-me a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais" (Gl 1:14).

Charles Kingsley Barrett observa que "nenhuma nação se entregou a Deus com tal devoção e mais zelo do que Israel", mas Paulo conheceu esse zelo em forma superlativa, respirando "ameaças de morte" contra aqueles de quem discordava. Contudo, todo o zelo do mundo não tem qualquer valor sem o conhecimento para guiá-lo. João Calvino corretamente afirmou que "é melhor, como Agostinho diz, ir para o Céu mancando do que correr com toda velocidade e poder na direção errada".

Zelo sem entendimento é o vício, não a virtude, de muitos que se consideram cristãos. Deploravelmente, parece que cada congregação tem exemplos dessa realidade. Alguns são imitadores do Saulo de Tarso antes de seu encontro com Jesus Cristo, cheios de justiça própria e orgulho espiritual. E que conhecimento lhes falta? O mesmo que estava ausente em Paulo em sua experiência primitiva: o conhecimento de que eles não são autossuficientes, mas dependentes dos méritos de Jesus Cristo. Tal conhecimento traz consigo um humilde reconhecimento de nossas fraquezas e do poder do pecado, além da colossal percepção do poder de Deus.

Aqueles que pensam que sabem, diz Lutero, causam sérios e infindáveis problemas, mas "aquele que sabe que não sabe é gentil e submisso para ser guiado". Deus deseja que tenhamos zelo, mas esse deve ser um ardor pleno de conhecimento – conhecimento de nossa fragilidade e de nossa arrogante tendência de procurar ser Deus para os outros. Esse conhecimento enche nosso zelo da doçura da graça de Cristo.


sexta-feira, fevereiro 21, 2014

A IMPORTÂNCIA DA INTEGRIDADE

Então, disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Atos 5:3

Integridade, por definição do dicionário, é o "estado de ser completo, inteiro". A integridade é irmã gêmea da "sinceridade", expressão latina, sine cera (sem cera), utilizada para descrever os móveis sem reparos cosméticos e corretivo feitos com cera, para ocultar defeitos. Tanto a integridade quanto a sinceridade são consideradas hoje virtudes em extinção, porque elas são antíteses do espírito dos tempos. Nossa cultura gravita ao redor do sucesso a qualquer preço, vantagens imediatas e propaganda enganosa em todas as áreas. Para muitos, imediatismo e consumismo transcendem os valores permanentes. O que conta é o momento, o aqui e agora.

Pessoas íntegras nada têm a esconder ou ocultar. Nada a temer. Integridade não é primariamente o que fazemos, mas o que somos, e o que somos orienta o que fazemos. A importância crucial da integridade está no fato de que ela exerce grande influência. Acredita-se que 89% do que as pessoas aprendem são determinados por aquilo que observam. Aquilo que os filhos, alunos e liderados testemunham, em última análise, é o que realmente conta. Está acima das palavras e discursos que ouvem. De modo curioso, as pessoas tendem a investir, desproporcionalmente, mais esforço, tempo e recursos na imagem do que na integridade. Imagem é o que as pessoas pensam que somos. Integridade é o que realmente somos. E o que as pessoas são por fora nem sempre coincide com aquilo que elas são por dentro.
O texto de hoje relembra a história de Ananias e Safira, dois membros hipócritas da igreja primitiva. O pecado deles não foi primariamente avareza, mas falta de integridade. Tentaram simular o que não eram. O que aconteceu não foi disciplina eclesiástica, mas julgamento divino. O que aconteceria se Deus tratasse assim a insinceridade dos cristãos modernos? Provavelmente a igreja teria menos membros.
Alguém observou que "a medida do caráter real de um homem é aquilo que ele faria se soubesse que nunca seria pego". Ananias e a esposa não imaginaram que sua insinceridade seria descoberta. Os resultados foram trágicos. No julgamento, anjos darão testemunho de nossos segredos. "Deus há de trazer a juízo todas as obras, [...] quer sejam boas, quer sejam más" (Ec 12:14).


quinta-feira, fevereiro 20, 2014

OS SINOS DO CÉU

Pela recordação que guardo de tua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó Loide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também, em ti. 2 Timóteo 1:5

James Dobson, conhecido psicólogo cristão que trabalhou no Hospital para Crianças em Los Angeles, conta a história de um garoto afro‑americano, de cinco anos, que nunca seria esquecido por ele. O garotinho estava internado, morrendo de câncer no pulmão, uma terrível enfermidade, especialmente em seu estágio final. Os pulmões se tornam cheios de fluidos, e o paciente fica incapaz de respirar, sentindo-se como se estivesse morrendo afogado. A experiência, segundo Dobson, é grandemente perturbadora, particularmente para uma criança pequena. O garotinho era filho de mãe cristã. Ela o amava grandemente e permanecia ao seu lado em meio ao doloroso cortejo da enfermidade. A mãe o colocava em seu colo e conversava suavemente com ele acerca de Deus e do Céu. Instintivamente ela o estava preparando para os momentos finais que se aproximavam.

Gracie Schaeffler, enfermeira do garoto naquele dia, entrou em seu quarto e o ouviu falar de "sinos do Céu". Ele balbuciava, como se conversasse com sua mãe: "Os sinos estão tocando, mãe, eu posso ouvir." A enfermeira julgou que ele estivesse tendo alucinações. Voltou um pouco depois e novamente ouviu a criança falar de "sinos tocando". A senhorita Gracie, à tarde, contou para a mãe do menino que ele tivera alucinações, falando coisas que não existem, provavelmente por causa da dor. A mãe, que no momento estava com a criança no colo, o apertou ainda mais contra o peito. Com um sorriso, disse: "Não, senhorita Schaeffler. Ele não está alucinando. Eu o ensinei que, quando amedrontado, quando ele não pudesse respirar, focalizasse um canto no quarto e tentasse escutar cuidadosamente; ele ouviria os sinos do Céu tocando para ele. É disso que ele estava falando." Aquela preciosa criança faleceu no colo de sua mãe, naquela mesma noite, ainda falando dos "sinos dos anjos".

Tenho grande admiração por pais e mães que ensinam os filhos a confiar no Senhor. Não importa o que a vida venha a jogar sobre eles ou que circunstâncias tiverem que atravessar, tais crianças, por pequenas que sejam, saberão que não estão sozinhas nem desamparadas. Esse ponto de referência espiritual será a maior herança que os pais podem deixar a seus filhos.


quarta-feira, fevereiro 19, 2014

GRAÇA PARA TODOS

[Jesus] deixou a Judeia, retirando-Se outra vez para a Galileia. E era-Lhe necessário atravessar a província de Samaria. João 4:3, 4

Nicodemos e a mulher samaritana são personagens exclusivos do quarto evangelho. Os dois apresentam um quadro de extraordinário contraste. Ele é um líder da austera teologia farisaica, o melhor da moralidade da época, membro da sofisticada elite. O encontro com Cristo acontece de noite, com entrevista marcada. Jesus confronta Nicodemos com uma demanda: "É necessário nascer de novo" (ver Jo 3:3). A samaritana, por outro lado, é uma religiosa quase completamente ignorante, adúltera, marginalizada dentro do sistema social e religioso dos judeus. Encontra-se com Cristo de dia. Ela não suspeita de nada. Toma o Filho de Deus por um judeu comum. Jesus a confronta com uma oferta: "Aquele, porém, que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede" (Jo 4:14).

Inicialmente, temos a impressão de estar lendo histórias sobre Nicodemos e a samaritana anônima. Contudo, essas narrativas são essencialmente sobre Jesus e o amor de Deus revelado nEle. Os extremos humanos estão aqui representados, assim como está representada a grande oferta de Deus, que se estende a todos. Os personagens humanos são nossos representantes. Neles, fica claro que a graça de Deus é para todos. Ninguém é excluído. Aqui o ministério de Jesus repreende a justiça própria de Nicodemos, bem como a indulgente promiscuidade da samaritana. Mas o que vemos, afinal, é o triunfo da graça divina.

Na conversa com a mulher, junto ao poço de Sicar, Jesus rompe com dois costumes do comportamento judaico. Primeiramente, os homens não conversavam em público com as mulheres. Em segundo lugar, os judeus rejeitavam qualquer contato com samaritanos (Jo 4:9). Os samaritanos eram judeus híbridos, considerados "vermes imundos" pelo judaísmo. Essa era uma hostilidade que se arrastava por séculos de história.

Cristo Se elevou acima de tabus, preconceitos e mentalidade de gueto para alcançar essa criatura falida. Jesus era mestre em encontrar ouro na lama. Quando ela hesita em Lhe conceder o insignificante favor de um gole de água, dever sagrado entre os orientais, Ele desarma o preconceito dela. Desconsiderando a recusa, faz-lhe uma oferta fascinante. No início da narrativa, é ela quem tem a água, e Jesus a sede. No fim, a mesa se inverte: Ele tem a água, e ela a sede. Esse sempre é o desfecho de nosso encontro com Deus. Nossa falência pode passar por inesperada mudança de rota.


terça-feira, fevereiro 18, 2014

OS CRISTÃOS E O CONSUMISMO

Os mercadores destas coisas, que, por meio dela, se enriqueceram, conservar-se-ão de longe, pelo medo do seu tormento, chorando e pranteando. Apocalipse 18:15

O consumo não é algo novo. Pode ser visto como o uso legítimo de recursos para a sobrevivência. Esse não é o caso do consumismo, que surgiu na esteira da Revolução Industrial, tornando-se um estilo de vida dominante em nossos dias. Até então, exceto pela elite rica, o consumo era baseado em necessidade. Luxos e gastos desnecessários eram tipicamente condenados, vistos como extravagâncias supérfluas.

A cultura atual, contudo, apresenta o quadro global de uma febre feroz e incontrolável para se ter e consumir. O poder de consumo é visto como um símbolo de superioridade social, sublinhando status profissional e econômico, mantendo distinção entre "aqueles que podem" e "aqueles que querem". Consumir é fashion, é ter estilo. Os hábitos de compra foram transformados, e extravagâncias parecem necessidades. O comércio, por meio da publicidade, conseguiu controlar as pessoas, ditando a elas o que vestir e comer, que tipo de móveis precisam comprar e como é o carro que devem ter. A propaganda passou a controlar o pensamento, e os produtos passaram a ser não apenas desejáveis, mas indispensáveis.

Para se criar a economia consumista, o crédito dos consumidores teve que ser expandido. O efeito disso foi o grande aumento do endividamento sobre pessoas e famílias. As consequências dessa Babilônia ainda não foram avaliadas em toda sua extensão. Desenvolveu-se até uma "religião materialista". Se no passado a resposta a questões essenciais, como "Quem somos nós?", vinha das Escrituras, hoje ela vem do mercado: "Somos o que consumimos." As pessoas são subjugadas pela sensação do consumo compensatório: consumir para sentir alívio do estresse. Consumir para sentir-se bem. A lógica é mais ou menos esta: "Se desejo, eu devo possuir. Se devo possuir, é porque eu necessito. E, porque necessito, eu mereço. Então farei qualquer coisa para possuir o que necessito e mereço."

A força da propaganda consumista é alicerçada em promessas falsas. Mas as Escrituras não têm boas-novas para o consumismo. O Apocalipse 18 antecipa o colapso do comércio, da propaganda enganosa, das fraudes e mentiras. Descubra a vontade de Deus para sua vida, e confie em Suas promessas infalíveis. Aprenda a relativizar a voz da cultura e seus apelos.


segunda-feira, fevereiro 17, 2014

PARA GANHAR A CRISTO

Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo [...], por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo. Filipenses 3:7, 8

No livro Not a Fan (Não um Fã), Kyle Idleman observa que aquilo que estamos dispostos a deixar por Cristo indica o grau de nosso compromisso com Ele. Mostra se somos reais seguidores ou apenas fãs, torcedores. Esse critério, quando aplicado a Paulo, não nos deixa com qualquer dúvida de sua entrega radical.

A busca de um respeitado modelo para ser imitado no judaísmo certamente conduziria ao erudito de Tarso. Na "crista da onda" de fama internacional, Saulo encontra-se com o verdadeiro "rival" de sua perfeição. No caminho para Damasco, ele é subitamente ferido por uma luz que nunca mais seria esquecida. A voz que o chama pelo seu nome tem o som de muitas águas: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" (At 22:7). No chão, ferido pela luz intensa, o fariseu tem seu primeiro vislumbre da justiça perfeita. Pela primeira vez em sua vida, ele sente-se envergonhado. Suas vestes de justiça própria não passam de "trapos imundos". Todos os seus troféus, placas e impressionantes honras terrenas não passam de realizações ridículas.

Um vislumbre de Cristo é suficiente para convencê-lo de que ele havia gasto a vida na estrada errada, para o destino errado e pela razão errada. Todos os paradigmas de Saulo são alterados num instante; e sua vida, transformada completamente. O que estava na direita passa para a esquerda e o que estava na esquerda passa para a direita. Ele entende quão enganado estivera. A visão do crucificado é devastadora para sua antiga fome de aplauso terreno e busca de justiça humana. Ele sentiu-se completamente falido, reduzido à "estaca zero". Orgulhoso de suas realizações, ele se vê despido, nu espiritualmente. Tendo no passado estabelecido a norma para a avaliação de outros, Saulo agora se vê um patético fracasso.

Às vezes, penso que as pessoas "perfeitas" ou "superiores", mesmo que sejam bem-intencionadas, substituíram Jesus Cristo pelo "desenvolvimento do caráter" ou por dietas legalistas e santidade enferma, "respirando ameaças de morte" contra a igreja e os que discordam delas, buscando ilusoriamente "vencer como Jesus venceu", como se estivessem competindo com Ele. Diante da visão de Cristo, quem não se envergonha de sua justiça farisaica?


domingo, fevereiro 16, 2014

PARA MIM, O VIVER É...

Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Filipenses 1:21

Algumas das peças literárias mais poderosas da história foram escritas por líderes aprisionados. Parece que há algo no confinamento – talvez a incerteza ou mesmo os abusos sofridos – que faz o prisioneiro focalizar a mente em convicções fundamentais. Mas, enquanto muitos autores aprisionados assumem uma atitude de mártir, atacando o sistema e aqueles que os aprisionam, Paulo soa radicalmente diferente.

A Epístola aos Filipenses é uma das chamadas "Cartas da Prisão". O apóstolo parece sentir no ar o pesado clima da execução (1:23), provavelmente em Roma. Mas no que ele se concentra? Paulo focaliza a vida centralizada em Cristo, cuja marca é a alegria. Como cristãos que vivem hoje em liberdade e desfrutam de oportunidades, facilmente podemos nos concentrar em pontos periféricos que, embora atrativos, têm pouco valor. Corremos o risco de perder a perspectiva daquilo que é essencial. Pense em como você completaria a frase a seguir: "Para mim, o viver é..." Observe algumas alternativas e a consequência lógica de cada uma:

Para mim, o viver é dinheiro... e morrer é deixar tudo para trás.
Para mim, o viver é fama... e morrer é rapidamente ser esquecido.
Para mim, viver é poder... e morrer é perder tudo.
Para mim, viver é possuir... e morrer é partir de mãos vazias.

Quando o dinheiro é o objetivo da vida, estamos destinados a viver subjugados ao medo de perdê-lo, o que nos transforma em paranoicos, desconfiados. Quando a fama é o alvo, nós nos tornamos competitivos, envenenados pela inveja. Se orientados pelo poder, nós nos tornamos servos de nós mesmos, vaidosos e arrogantes. Quando o viver é possuir, acabamos sendo possuídos pelo materialismo, escravizados pela ambição de ter, para quem "o suficiente nunca é suficiente". E assim os falsos deuses nos destroem.

"Para mim, o viver é Cristo" porque apenas Ele nos satisfaz, quer tenhamos ou não, sejamos conhecidos ou anônimos, quer vivamos ou morramos. A boa-nova: a morte não tira nada de nós. Ela apenas fixa para sempre o que já é nosso em Cristo.


sábado, fevereiro 15, 2014

REPRODUZIR PERFEITAMENTE O CARÁTER DE CRISTO

Toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Mateus 7:17

Falar de perfeccionismo é facilmente arriscar-se a ser mal compreendido e acusado de não crer na santificação, em um estilo de vida natural, na importância da saúde ou em qualquer outra ação dentro da área do crescimento cristão. Ainda pior do que isso é ser utilizado por outros para justificar um modelo de cristianismo descompromissado. Mas não é disso que estamos falando. Sem santificação, ninguém verá a Deus. A saúde deve ser preservada como um valioso tesouro, e o estilo de vida natural é um ideal a ser seguido. Contudo, o que se discute é que essas coisas podem facilmente tomar o lugar de Cristo, além de promover complexo de superioridade.

Um dos textos de Ellen White mais utilizados por perfeccionistas está no livro Parábolas de Jesus, página 69: "Cristo aguarda com fremente desejo a manifestação de Si mesmo em Sua igreja. Quando o caráter de Cristo se reproduzir perfeitamente em Seu povo, então virá para reclamá-los como Seus." A expressão "reproduzir perfeitamente" tem sido tomada como sinônimo de impecabilidade, como se os cristãos devessem se tornar uma duplicação de Cristo. Para muitos, o "caráter" torna-se o substituto de Cristo, assim como a lei se torna Seu substituto para os legalistas. Tenho conhecido pessoas que pensam "reproduzir perfeitamente" o caráter de Cristo seguindo a "dieta do Éden", ou seja, comendo apenas ervas e frutos que deem semente – o que exclui todo o resto, inclusive verduras e alimentos que nascem sob a terra. Para outros, isso significa não usar perfume, sabonete, desodorante, pasta de dentes. Há uma infinidade de ideias derivadas de noções equivocadas da perfeição/santificação.

Defensores de ideias perfeccionistas, contudo, nada têm que ver com o que Ellen White realmente escreveu. Todo o contexto da passagem mencionada está falando do serviço ao próximo, do interesse em sua salvação, de esquecer-nos de nós mesmos e ajudar outros. Nesse contexto, o cristão perfeito é aquele que ama e se preocupa com seus semelhantes, como Jesus, que não viveu para Si. À página 67, Ellen White menciona que "o objetivo da vida cristã é a frutificação – a reprodução do caráter de Cristo no crente". Então ela menciona que essa frutificação tem que ver com o fruto do Espírito (Gl 5:22, 23; p. 67, 68). É mais fácil ser superficial e "discutir teorias religiosas" do que ser cristão e refletir o verdadeiro caráter de Cristo, de amor incondicional e serviço.


sexta-feira, fevereiro 14, 2014

RESISTINDO À TENTAÇÃO SEXUAL

Nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porque és sua mulher; como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus? Gênesis 39:9

Como descrito e demonstrado por filmes e pela TV, o sexo parece a suprema preocupação na mente das pessoas hoje. A distorção oposta seria tratar o sexo como algo pecaminoso e perverso. O sexo é criação divina e apropriado quando é vivido no contexto do casamento. Quando o tiramos dos limites de seu desígnio, destruímos sua beleza e propósito. Isso é mais ou menos como a história do garotinho que tirou um peixe do aquário para brincar com ele. Logo, porém, descobriu que o peixe se diverte apenas no ambiente da água. O princípio é verdadeiro em relação ao sexo, destinado a ser desfrutado no contexto de um compromisso único e exclusivo.

A história de José pode trazer ajuda a jovens lutando com a tentação sexual. As Escrituras afirmam que José "era formoso de porte e de aparência" (Gn 39:6). Isso não passou despercebido à senhora Potifar, que finalmente deixou de rodeios e passou ao assédio direto (v. 7). O primeiro princípio é este: todo mundo é belo de forma e aparência para alguém. Isso quer dizer que não são apenas os vistos como belos que terão que lidar com a tentação. Cedo ou tarde, você se defrontará com o desafio.

Segundo, defina suas normas antes de ser assediado pela tentação. Porque José já havia tomado sua decisão, como indicado no texto de hoje, ele não ficou à mercê da senhora Potifar. Se você não estabelecer as normas pessoais a respeito do sexo, alguém tomará a decisão por você.

O princípio número três aparece no verso 10: "Todos os dias ela insistia que ele fosse para a cama com ela, mas José não concordava e também evitava estar perto dela" (NTLH). Isso quer dizer: evite a proximidade com a tentação. José conhecia os truques da senhora Potifar e sabia de sua vulnerabilidade pessoal. Ele decidiu não se aproximar dela. Ele sabia que precisava ficar tão longe da tentação quanto possível. Cortejar o perigo é preparar-se para a queda.

Finalmente, quando tudo o mais não der certo, fuja. José sabia que chegara o momento em que nenhum argumento iria funcionar. Você certamente deve orar, e a oração é arma poderosa, mas às vezes você tem que colocar "asas" a serviço da oração. José tinha o que chamamos de "compromisso radical". Não me atrevo a dizer que isso seja fácil. Mas é o que significa ser um discípulo de Cristo. E o Senhor honrará sua determinação e firmeza.

quinta-feira, fevereiro 13, 2014

RAZÕES PARA NÃO PECAR

A cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. Tiago 1:15

Enquanto fazia uma semana de oração em uma igreja brasileira que se reunia em um templo evangélico alugado, na área de Washington, nos Estados Unidos, encontrei no quadro de anúncios dos donos do prédio uma página intitulada: "35 Razões Para Não Pecar". Achei o texto de uma extraordinária beleza e simplicidade, além de inspirador. Transcrevo abaixo algumas daquelas razões do artigo. "Não devo pecar":

Porque um pequeno pecado leva a pecados maiores.
Porque meu pecado ofende e entristece a Deus, que tanto me ama.
Porque meu pecado coloca um enorme fardo sobre mim e sobre os que mais amo.
Porque o pecado sempre me faz menor do que aquilo que Deus espera que eu seja.
Porque outros, incluindo minha família, sofrerão as consequências de meus pecados.
Porque o pecado faz os inimigos de Deus se regozijarem e zombarem dEle.
Porque o pecado me engana e leva-me a crer que "ganhei", quando na verdade perdi.
Porque o pecado me desqualifica para a liderança espiritual.
Porque os supostos benefícios de meu pecado nunca haverão de superar suas consequências.
Porque o pecado traz um prazer momentâneo, mas perda eterna.
Porque meu pecado pode influenciar outros a pecar.
Porque meu pecado impede outros de conhecer a Cristo.
Porque é impossível pecar e ao mesmo tempo ser guiado pelo Espírito.
Porque o pecado rouba minha reputação e o poder de meu testemunho.
Porque o pecado misturado com o serviço torna as coisas de Deus sem gosto.
Porque meu pecado é adultério com o mundo.
Porque nunca posso realmente saber com antecedência quão severo será o custo que meu pecado há de exigir.
Porque eu prometi a Deus que Ele seria o Senhor de minha vida.

Talvez você hoje esteja para tomar uma séria decisão diante de um pecado que o assedia. Reconsidere as razões para não pecar. Lembre-se de que Cristo morreu pelos seus pecados para que você morra para o pecado. 


quarta-feira, fevereiro 12, 2014

O LUGAR MAIS SEGURO

Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o dia se aproxima. Hebreus 10:25

Há uma interessante estatística que li acerca de como se manter seguro no mundo atual. As sugestões são coloridas com humor:

Evite dirigir ou estar em automóveis. Eles são responsáveis por 20% dos acidentes.

Cuidado enquanto você está em casa: 17% de todos os acidentes acontecem aí.

Esteja alerta ao caminhar em ruas e calçadas. Saiba que 14% dos desastres acontecem a pedestres.

Evite viajar de avião, trem ou navios, pois 16% de todos os acidentes envolvem essas formas de transporte.

O restante dos acidentes, somando 33%, ocorrem nos hospitais. Assim, sobretudo, evite os hospitais.

Mas, continua o texto, "você ficará feliz em saber que de todas as mortes apenas 0,01% ocorrem durante serviços de culto na igreja, e essas estão relacionadas com desordens físicas anteriores". Assim, conclui tal artigo, o lugar mais seguro para você, em qualquer circunstância, é a igreja.

Humor à parte, a recomendação é válida por razões inquestionáveis. No contexto do verso bíblico de hoje, encontramos quatro admoestações aos cristãos: (1) cheguemo-nos com coração verdadeiro (v. 22); (2) guardemos firme a confissão de nossa esperança (v. 23); (3) consideremos uns aos outros (v. 24); e, finalmente, (4) não deixemos de congregar-nos (v. 25). As duas primeiras estão relacionadas com o fato de que alguns cristãos hebreus corriam o risco de, abandonando a "realidade", que é Cristo, voltarem para as sombras do judaísmo. As duas últimas são advertências aos cristãos em relação à igreja. O cristianismo nunca é uma experiência solitária. De fato, as Escrituras desconhecem cristianismo fora do corpo coletivo de Cristo.

Se a decisão de seguir a Cristo é individual, a caminhada cristã envolve os outros membros do corpo. Se o cristianismo deve ser mantido, expandido e partilhado, reunir-nos na igreja é experiência insubstituível. A vida da fé, em condições normais, presume a igreja, a associação e o envolvimento nela, lar e refúgio dos cristãos. Sucumbir às várias pressões da vida e deixar de se congregar na igreja é cortejar o fracasso espiritual.


terça-feira, fevereiro 11, 2014

SERVINDO POR AMOR

Pois o amor de Cristo nos constrange. 2 Coríntios 5:14

Para muitos críticos, o cristianismo funciona à base da intimidação e do medo. Num recente livro que li, o autor parece convencido de que todo o edifício do pensamento cristão é construído sobre a ideia do inferno. "Retire-se a noção do inferno, e o cristianismo acaba", ele afirma. E conclui: "Sem o inferno, todas as doutrinas e dogmas perdem seu sentido. Sem o perigo do inferno, por que alguém iria se converter?" Para ele, o medo é a única força cristã.

Outros imaginam que a grande motivação é o desejo de recompensa. Dostoiévski observa: "Não é Deus que os homens procuram. São os milagres que Ele pode fazer." Talvez isso explique o fenômeno do crescimento das igrejas que exploram a teologia da prosperidade, oferecendo às pessoas precisamente aquilo que elas desejam: saúde física, dinheiro, sucesso material.

De fato, medo de punição e desejo de recompensa são grandes forças motivadoras. Mas elas não são as únicas. O amor e a graça são forças incomparavelmente maiores e mais fortes para o comportamento humano. Deus não usa como instrumentos de motivação ameaças ou a sedução de recompensas para ganhar nosso coração. Paulo entendeu isso ao afirmar que "o amor de Cristo nos constrange". O símbolo do cristianismo é uma rude cruz, onde se concentrou o amor do Universo, e não um trono ou uma coroa. Quando entendemos a graça de Deus, que nos aceita e perdoa, que nos trata com dignidade quando não temos dignidade, e compreendemos que Deus morreu por nós quando ainda éramos inimigos (Rm 5:8), não podemos senão amá-Lo. Por isso, Jesus observou: "Se me amais, guardareis os Meus mandamentos" (Jo 14:15). Aqueles que são motivados por medo ou recompensa se comportam como escravos. São mesquinhos, contando centavos e segundos, sempre mal-humorados naquilo que doam ou fazem. Mas Cristo nos libertou de tal condição. Ele nos chama de amigos (Jo 15:14).

Você realmente ama alguém? O que você faria por essa pessoa? Eu tenho visto pessoas trabalharem arduamente. Tenho visto pais passarem noites em claro por um filho. Mas o espantoso é que eles não se sentiam escravos. Trabalhavam com brilho nos olhos e alegria na face. Quando realmente amamos alguém, servir a essa pessoa, longe de ser um fardo, é sempre um privilégio e uma oportunidade para aquele que ama. Como você serve a Cristo? Como escravo ou como a um amigo querido?



segunda-feira, fevereiro 10, 2014

SEM DISTINÇÃO

Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. Tiago 2:1, ARC

Com frequência, relatórios evangelísticos que apresentam conquistas de uma iniciativa missionária deixam as melhores histórias para o fim. E referências então são feitas aos conversos das "melhores classes" que foram batizados. Você já ouviu ou apresentou relatórios assim? Quão profundamente essa mentalidade está enraizada na igreja?

Vivemos em uma sociedade orientada pela produção, na qual a importância das pessoas é medida pelo que fazem, quanto podem produzir ou quanto ganham. Como nos relacionamos, porém, com irmãos que não podem devolver grandes valores de dízimos ou ofertas? Às vezes, penso que isso não seja algo consciente. Mas, mesmo assim, atribuímos maior valor a pessoas importantes e ricas do que o fazemos com irmãos pobres e destituídos, que financeiramente podem contribuir com muito pouco. Contudo, o valor essencial de um ser humano não é baseado em quanto ele produz ou ganha. Não é definido por sua posição na escala social. Tal valor está ancorado no fato de que ele é membro da espécie humana, criado à imagem de Deus e amado por Ele. Isso é tudo, nada mais.

O problema da preferência é tão antigo quanto o cristianismo. Tiago trata dele em sua epístola. E usa a ilustração de dois homens que entram em uma reunião da igreja, um rico e um pobre, e então descreve a atitude contrastante dos que os recebem (Tg 2:2, 3). Para o apóstolo, tal tratamento baseado em acepção significa que nos tornamos juízes, sendo movidos por maus pensamentos (v. 4)
De onde teria o apóstolo tirado essas ideias? Tiago tinha aprendido bem com o Mestre. A atitude de Jesus em relação às pessoas foi radicalmente oposta à mentalidade elitista. E não era por acaso que "a grande multidão O ouvia com prazer" (Mc 12:37). Ele foi amigo dos pobres e marginalizados. Amigo do povo comum e dos que não tinham amigos. Ele tocou os intocáveis de Seus dias e os tratou a todos como príncipes. Também nesse aspecto, Ele foi uma exata representação de Deus, "que não faz acepção de pessoas" (At 10:34). No clima classista da cultura moderna, a igreja e os cristãos têm uma exclusiva oportunidade de representar o Deus a que servem, colocando-se acima das distinções de etnia, gênero, nacionalidade, posição social, riqueza, educação. Essas distinções são absolutamente irrelevantes aos olhos do Altíssimo.


domingo, fevereiro 09, 2014

QUAL É SUA MOTIVAÇÃO?

Respondeu Satanás ao Senhor: Porventura, Jó debalde teme a Deus? Jó 1:9

Os pais de Bill Borden, da aristocracia britânica, fizeram fortuna em negócios imobiliários em Chicago e na mineração de prata no Colorado. Em 1908, aos 21 anos, o jovem Borden já possuía uma fortuna, em termos atuais, equivalente a 40 milhões de dólares. Bem apessoado, inteligente, educado e popular, em 1912, aos 25 anos, o milionário tomou duas decisões que se tornaram notícia. Ele doou toda sua fortuna: a metade para a pregação do evangelho, nos Estados Unidos, e a outra metade para as missões além-mar. Em segundo lugar, ele decidiu servir como missionário entre os muçulmanos, primeiro no Egito, para aprender o árabe, e depois em uma remota região na China.

Para o público, os jornais da época e mesmo para muitos cristãos, tais decisões pareciam um desperdício incrível, especialmente quando ele morreu de meningite cerebroespinhal pouco depois de ter chegado ao Cairo. Aparentemente ele havia jogado fora o dinheiro, a carreira e a vida. Com que propósito? O que leva uma pessoa a voltar as costas a tudo que a maioria julga importante e viver em obediência ao que crê ser a vontade de Deus para sua vida? Qual é a recompensa desse tipo de investimento?

O livro de Jó relata a fascinante história da fidelidade de um homem. Quando Deus o apresenta como exemplo de integridade, Satanás responde de modo desafiador: "Porventura, Jó debalde teme a Deus?" A palavra aqui traduzida por "em vão", "debalde" ou "inutilmente" é chave para toda a história. O diabo insinua que todo serviço a Deus não é senão um negócio vantajoso. "Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra Ti na Tua face" (Jó 1:11). O ataque vai direto ao coração da questão: Por que as pessoas servem a Deus? Tal acusação é poderosa, desconcertante e muito atual. Por que servimos a Cristo? Cínicos argumentam que a dedicação a Deus é condicionada por aquilo que podemos receber.

Satanás feriu Jó numa sequência impiedosa: os bens, a família e, finalmente, ele próprio. O patriarca da dor e do sofrimento, sem que soubesse, torna-se um espetáculo para o Universo que observa em silêncio o desdobramento do drama. Jó revela a pureza de sua motivação, e o diabo não aparece mais no livro. Você e eu podemos desmentir as acusações do inimigo.



sábado, fevereiro 08, 2014

SEGUE-ME

Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-Me. Mateus 19:21

Um estudo relativamente recente da revista Psicologia Hoje analisou a influência do dinheiro na vida das pessoas. Uma das conclusões é que as pessoas mais preocupadas com o dinheiro têm menos probabilidade de se envolver em relacionamento afetivo satisfatório. Elas tendem a ser perturbadas por constantes ansiedades, preocupações e solidão. A história do jovem rico mencionado no texto de hoje reflete a tragédia de alguém que pensava possuir a riqueza, mas, ao contrário, era sua riqueza que o possuía. Era difícil para ele abrir mão de seu ídolo para receber o dom da vida eterna que lhe era oferecida por Cristo.

Seu "deus" era um enorme obstáculo em linha direta de colisão com o Deus verdadeiro. Em uma sociedade na qual a riqueza e a prosperidade eram vistas como sinal de aprovação e aceitação por parte de Deus, a afirmação de Jesus espanta os discípulos: "É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus" (v. 24).

A salvação é sempre um dom, inteiramente gratuito, baseado absolutamente na graça divina. A dificuldade está na aceitação do dom, uma vez que nos agarramos aos substitutos precários.

Qual é a tragédia do moço rico? Não é apenas a questão de que ele "amou mais o dinheiro". Na realidade, ele não reconheceu um bom "investimento" quando a oportunidade lhe bateu à porta. O que Jesus está dizendo é que a recompensa será infinitamente desproporcional ao custo do discipulado. Se você está preocupado com o que custa servir a Jesus, isso não é nada em comparação ao que o espera se você fizer a escolha certa. Seja lá o que for que você "perca" seguindo a Cristo, Ele pessoalmente Se encarrega de fazer a compensação. O que lhe prometem os negócios, circunstâncias e benefícios? Ele cobre a oferta.

Do ponto de vista terreno, o jovem rico era o "primeiro", havia "vencido na vida", parecia um "sucesso". Mas, no momento da decisão crucial acerca de Cristo, ele fez a escolha que o excluiu da verdadeira riqueza. A palavra utilizada para "perfeito" (teleios) não significa perfeição moral, ética ou impecabilidade, mas maturidade. Jesus está dizendo a ele e a nós: "Você quer agir como adulto, com maturidade e lucidez? Vá, liberte-se de seus 'brinquedinhos'; venha e siga-Me."

sexta-feira, fevereiro 07, 2014

A RESSURREIÇÃO DE PEDRO

Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu Me amas? Pedro entristeceu-se por Ele ter dito, pela terceira vez: Tu Me amas? E respondeu-Lhe: Senhor, Tu sabes todas as coisas, Tu sabes que eu Te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as Minhas ovelhas. [...] Depois de assim falar, acrescentou-lhe: Segue-Me. João 21:17, 19

Você se sente um caso perdido, sem esperança em relação à fé? Duvida de que Deus possa lhe perdoar mais uma vez? Também pode ser que você conheça "um caso perdido". Segundas e terceiras chances não estão, em geral, disponíveis no ambiente de trabalho, na escola, em comunidades ou mesmo em famílias e na igreja. Uma queda ou duas, no máximo, e você está fora do jogo.

Felizmente, Deus age de outra maneira, como vemos no caso de Pedro. Por iniciativa dele, alguns dos discípulos decidiram pescar. Ao romper do dia, um estranho caminhando na praia perguntou se tinham alguma coisa para comer. Eles não haviam pescado nada durante a noite. Então receberam a ordem: "Lançai a rede à direita do barco e achareis" (v. 6). A autoridade na voz não deixou qualquer dúvida. Teriam eles se lembrado do que acontecera três anos e meio antes? (Lc 5:4-9). "É o Senhor!", João explode de contentamento (v. 7). Acostumado a não pensar duas vezes, Pedro lança-se ao mar para o encontro de sua vida, a quase 100 metros de distância. O desjejum já estava pronto. Peixe assado e pão. Inicialmente Jesus perguntara se havia alguma coisa para comer, sugerindo que a refeição dependia dos discípulos. Então operou o milagre da pesca para recebê-los com a "mesa pronta". O que Ele estava dizendo? A pesca é apenas um símbolo. Ele será responsável pelo sucesso de Sua causa. Seus discípulos, incluindo Pedro, devem apenas confiar nEle.

Em tudo isso, Jesus estava restaurando Seu discípulo falido, atraindo-o para Si. O teste é se Pedro O ama. Às vezes, eu me pergunto: O que é necessário para reabilitarmos um irmão caído? Quanto tempo ele terá que ficar de "quarentena"? Que "evidências" precisamos ter de que "já se emendou"? Por que temos tanta relutância em aceitar que as pessoas podem mudar? Por que insistimos em definir, mesmo aqueles que mais amamos, em termos de seu passado e de suas falhas? Não seria o caso de que é precisamente a nossa aceitação da pessoa que cria o ambiente para a mudança? Consistentemente, Jesus não mudou as pessoas para aceitá-las. Ele as aceitava primeiro para então operar as mudanças.

quinta-feira, fevereiro 06, 2014

VOCÊ GOSTA DE GANHAR?

A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira. Provérbios 15:1

Você é daqueles que gostam de discutir só para ouvir o som de sua "maravilhosa voz"? Você gosta de ganhar todas as discussões, mesmo com as pessoas que você mais ama, esposa, esposo, filhos, amigos? Muitos têm a ideia de que ganhar com base na argumentação é reduzir a outra pessoa ao completo silêncio, diminuí-la e humilhá-la. Significa tornar evidente que as ideias ou contribuições dela não valem nada. Ganhar dessa forma significa perder um relacionamento. Ganhar assim é roubar da outra pessoa sua humanidade, sua singularidade. Palavras matam. Palavras de rejeição, de ódio e de negação assassinam ou desabilitam a pessoa para a vida. Podem deixar cicatrizes como as feridas causadas por uma pistola.

Numa avenida movimentada, um casal já está atrasado para o jantar na casa de amigos. O endereço é desconhecido. Antes de sair, porém, a esposa havia consultado um mapa. Ele dirige o carro, e ela o orienta. Pede para que vire na próxima rua à esquerda. Ele "tem certeza" de que é à direita. Discutem. Percebendo que, além de atrasados, poderão ficar mal-humorados,

ela deixa que ele decida. Ele vira à direita, para perceber, então, que estava enganado. Com dificuldade, ele admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno. Ela sorri e graciosamente diz que não há problema em chegar alguns minutos mais tarde.
Mas ele ainda quer saber: "Querida, se você tinha tanta certeza de que eu estava tomando o caminho errado, por que não insistiu um pouco mais?" Ela responde: "Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz. Estávamos à beira de uma briga. Se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite. E algo que aprendi em minha vida de casada com você é que a melhor maneira de ganhar uma discussão é evitando-a. Por isso, tolero suas pequenas impertinências, pois você é muito maior do que elas."

Belíssimo exemplo. Essa história, intitulada "Ser feliz ou ter razão", aparece no livro A Arte de Lidar com Pessoas. Ela oferece uma verdadeira aula de habilidade na arte do relacionamento humano. Quanta energia é gasta apenas para demonstrar que temos razão, independentemente de termos ou não. Quase todos nós sofremos da síndrome de "ter razão" e "impor ideias" a todo custo, desconsiderando o resultado final sobre as pessoas com quem convivemos. Busque hoje, pelo poder de Deus, a graça de ser tolerante.

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