sexta-feira, março 07, 2014

A MÃO NA PAREDE

No mesmo instante, apareceram uns dedos de mão de homem e escreviam, defronte do candeeiro, na caiadura da parede do palácio real. Daniel 5:5

Daniel 5 é o último capítulo histórico do livro que enfoca Babilônia. Ele descreve as horas finais do império. A invasão medo-persa já estava em processo. Essa narrativa das Escrituras veste-se de um pesado manto de solenidade. Belsazar ocupa o trono em lugar de seu pai, Nabonido, como corregente. Embriagado, ele manda trazer os utensílios sagrados de ouro e prata que Nabucodonosor, seu avô, havia tirado do templo do Altíssimo em Jerusalém.

O único registro de Belsazar nas Escrituras aparece nesse quadro insolente e blasfemo. Insolência e blasfêmia estão a um passo do orgulho e da arrogância. No capítulo 4, Nabucodonosor fora visitado pelo julgamento divino. Belzasar conhecia a história de seu avô, de sua humilhação e final conversão, mas isso não exerceu qualquer efeito sobre ele. Na presença de seus convidados, ele encenou sua insanidade final. Bêbados "deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro de madeira e de pedra" (v. 4). Essas seis classes de deuses falsos mencionados relembram a abominação da idolatria de Babilônia, tema que reaparece no Apocalipse.

Naquele momento, uma misteriosa mão começou a escrever "defronte do candeeiro". A cena é aterradora. Os dedos dançavam enigmáticos sob a luz trêmula na parede. "Então se mudou o semblante do rei, os seus pensamentos o turbaram, as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos bateram um no outro" (v. 6). A arrogância desaparecera. Em seu lugar surgiram todos os sintomas do terror e do medo. A mesma mão que escrevera na pedra proibindo a idolatria, agora escrevia na "parede caiada" o julgamento dos idólatras. Essa era a última noite na história de Belsazar: "Pesado [...] e achado em falta" (v. 26). Ciro já havia desviado o curso do Eufrates. Naquele momento, ele invadia a cidade pelo leito seco do rio.

Há sempre uma última noite para tudo e todos. A última festa, a última dança, o último filme, o último cigarro, o último drinque, a última refeição, o último prazer. A natureza humana, contudo, sob a narcótica ação do pecado, facilmente se esquece disso, como Belsazar se esqueceu do que testemunhara na vida do avô. Ore hoje por discernimento espiritual e permaneça em estado de alerta.


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