terça-feira, março 11, 2014

TOMÉ, O PESSIMISTA – I

Então Tomé, chamado Dídimo, disse aos condiscípulos. Vamos também nós para morrermos com Ele. João 11:16

Ao contrário de Pedro, que sempre ocupa o primeiro lugar nas listas dos apóstolos, Tomé aparece no grupo liderado por Filipe. Em duas listas, ele é o último relacionado (Mc 3:16-19; Lc 6:14-16). Ou então é referido em lugares secundários (Mt 10:2-4; At 1:13).
Aparentemente, ele manifestava uma personalidade negativa, tendendo à melancolia, talvez mais vítima do pessimismo do que da dúvida. No Evangelho de João, Tomé também é chamado Dídimo (Jo 11:16), palavra aramaica para "gêmeo". Provavelmente ele tivesse um irmão (ou irmã) gêmeo, mas isso não é indicado nas Escrituras.

Mateus, Marcos e Lucas não apresentam detalhes sobre ele. O pouco que sabemos de Tomé vem do Evangelho de João. Parece que ele costumava estar sempre na esquina escura da vida. Alguém que tendia a antecipar o pior. Apesar disso, com aquilo que é dito sobre ele em João surge um perfil admirável. O texto de hoje o descreve no clima da enfermidade e morte de Lázaro. Maria e Marta enviam um mensageiro para comunicar a tragédia a Jesus. Observe o contraponto: antes de Jesus deixar Jerusalém, indo para a região além do Jordão, os judeus haviam tentado apedrejá-Lo (Jo 10:31). Quando os discípulos percebem que Jesus planeja voltar, relembram o perigo: "Ainda agora os judeus procuravam apedrejar-Te, e voltas para lá?" (Jo 11:8).

Mas Seus amigos em Betânia, a 3 quilômetros de Jerusalém, estavam numa emergência. Nada impediria que Ele fosse em socorro deles. É aqui que se abre perante nós um impressionante traço do caráter de Tomé. Seu espírito de liderança e sua coragem tornam-se evidentes. Tomé eleva-se acima do medo do grupo e diz com firmeza: "Vamos também nós para morrer com Ele." Pessimismo?
Certamente. Um otimista teria dito: "Vamos lá, vai dar tudo certo!" Tomé não vê outra coisa senão desastre à frente. Mas, se o Senhor vai morrer, ele diz: "Vamos juntos para morrer com Ele." Temos que admirar sua determinação. Tomé tinha a coragem para ser leal face ao perigo. Para otimistas, a coragem é sempre mais fácil.

O quadro me emociona. Tomé, em sua devoção a Cristo, não tem plano "B". Ele não podia imaginar a vida sem Cristo. Seu compromisso é incondicional. "Se Ele vai morrer, é melhor morrer com Ele do que ficar para trás", pensava Tomé. Este é um exemplo de coragem e zelo que desafia indecisos discípulos modernos.


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