quarta-feira, março 12, 2014

TOMÉ, O PESSIMISTA – II

Mas ele respondeu: Se eu não vir nas Suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no Seu lado, de modo algum acreditarei. João 20:25

Em seu amor e devoção por Cristo, Tomé, como tantos discípulos ao longo da história, é quase anônimo, preso pelas circunstâncias que envolvem sua personalidade tímida. Sua dedicação, por isso, é pouco vista, exceto em situações críticas, quando seu "eu real" é revelado. No capítulo 14 do Evangelho de João, nos deparamos novamente com seu pessimismo crônico. Jesus está de partida para a casa do Pai, mas anuncia que voltará. O caminho para Ele, contudo, é conhecido pelos Seus (v. 4). A reação de Tomé é quase infantil: "Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho?" (v. 5). Essencialmente, Tomé está dizendo: "Nós nunca chegaremos lá. Melhor seria que tivéssemos morrido antes; assim, não O veríamos partir. Agora, como vamos encontrá-Lo?" Tomé estava preparado para morrer com Cristo, mas não para viver sem Ele.

Um pouco depois, seus piores receios se realizaram. Jesus fora crucificado! Ressuscitado, Ele aparece aos apóstolos, devastados pela tragédia. Jesus vem a eles através de portas fechadas, como Ele vem a nós muitas vezes. Mas Tomé "não estava com eles" (Jo 20:24). Onde estaria? Tão pessimista, deprimido e melancólico, provavelmente estivesse arrasado, amargando sozinho sua miséria. Quando finalmente ele aparece, os outros tentam consolá-lo: "Vimos o Senhor." É por causa de sua reação que Tomé recebeu a alcunha de "incrédulo". Mas não sejamos tão severos com ele. Os outros também, de início, duvidaram da ressurreição (Mc 16:10-14). Oito dias depois, Jesus reaparece ao grupo. Nesse momento, dirige-Se a Tomé em suave repreensão: "Vê as Minhas mãos" (Jo 20:27).

Jesus sabia que Tomé era assim por natureza. Ele não ignora que Seu discípulo ainda estava paralisado pela dor, solidão, depressão e tristeza. Entretanto, Ele conhecia a sinceridade de sua devoção. Jesus também sabe de nossas fraquezas, incertezas e dúvidas. Ele é paciente com os pessimistas. Tomé se lança a Seus pés e pronuncia um belíssimo tributo: "Senhor meu e Deus meu!" (v. 28). Segundo a tradição, Tomé foi missionário na Índia, onde morreu transpassado por uma espada. Livrou-se afinal de seu pessimismo? Talvez. Mas isso não importa. Jesus não deixou de amá-lo e o aceitou como ele era. Isso é graça!


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