Em uma visão da noite, quando tinha cento e vinte anos de idade, Abraão recebeu essa ordem alarmante. Ele deveria fazer uma jornada de três dias de viagem e teria tempo suficiente para reflexão. Cinquenta anos antes, de acordo com o mandado divino, ele havia deixado pai e mãe, parentes e amigos, tornando-se um peregrino e estrangeiro em uma terra que não lhe pertencia. Havia obedecido à ordem de Deus para mandar embora seu filho Ismael, que passaria a viver vagueando pelo deserto. Seu coração estava abatido pela dor dessa separação, e sua fé tinha sido duramente provada. Novamente ele se submeteu porque assim Deus lhe ordenara. [...]
Abraão foi tentado a crer que poderia estar iludido. Em sua dúvida e angústia, prostrou-se em terra e orou como nunca havia orado, pedindo alguma confirmação da ordem quanto a dever ele cumprir essa terrível incumbência. Lembrou-se dos anjos enviados para lhe revelar o propósito divino de destruir Sodoma, os quais lhe trouxeram a promessa desse mesmo filho Isaque. [...]
Finalmente, Abraão chamou o filho e lhe falou da ordem de oferecer sacrifício em uma montanha distante. Disse que ele devia acompanhá-lo. Chamou seus servos e fizeram os preparativos para a longa viagem. Desejava aliviar o coração, falando a Sara, e partilhar com ela essa terrível responsabilidade, mas se conteve pelo temor de que ela pudesse impedi-lo. Sua vida estava ligada ao seu filho. Partiram para sua jornada com Satanás ao seu lado, insinuando a descrença e a impossibilidade daquele ato. [...]
Começa a jornada do terceiro dia. Abraão ergue os olhos em direção aos montes e sobre um deles contempla o sinal prometido. Ele olha cuidadosamente, com o coração cheio de fé, e eis que uma nuvem brilhante paira sobre o monte Moriá. [...]
Ele estava ainda a uma grande distância do monte, mas tirou a carga de lenha dos ombros de seus servos e pediu que ficassem mais atrás, enquanto a colocava sobre os ombros do filho. Ele mesmo pegou a faca e o fogo (Signs of the Times, 1º de abril de 1875).
(Esta meditação faz parte do
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